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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Psicanálise e o Social: uma tentativa de aproximação

      Nessa tentativa de aproximação entre a Psicanálise e o Social, não há como não pensarmos nos sintomas surgidos na atualidade, alguns deles chegando a caracterizar quadros patológicos como: os distúrbios alimentares (anorexia e bulimia) e adição de drogas. Além disso, os fenômenos de inscrição no real do corpo através de marcas como as tatuagens, os piercings e implantes. 

      Chama-nos a atenção ainda, o uso indiscriminado de medicamentos como evitação de qualquer tipo de dor física e/ou emocional aliado ao crescimento da indústria farmacológica, que numa relação de troca com a classe médica, acaba por diagnosticar de forma prematura estados de tristeza e luto como depressões.

     Outro ponto a merecer destaque tem relação com o desenvolvimento da economia liberal sempre a convidar as pessoas a transporem os limites; o progresso tecnológico e as evoluções no campo da ciência genética, dispensando o homem dos processos de fecundação e fertilização; a horizontalidade das relações, onde os chefes são rejeitados bem como as leis e quando recebidas, são vividas como intrusivas e persecutórias.
 
     A universalização globalizante é efeito das repercussões da ciência aliadas à dominação correlata dos produtos da economia moderna na vida dos sujeitos. O corpo passou a fazer parte do capital e é tratado como tal. Há de se destacar também, um efeito unissex combinando bem com a ideologia de igualdade entre homens e mulheres. Para a ciência é perfeita a redução dos sujeitos em duas categorias: o trabalhador e o consumidor.
E quais as consequências disso tudo para a sociedade?
Bem, dentre elas podemos destacar: o crescente número de suicídios na adolescência, os suicídios coletivos apartir de uma alienação religiosa e política, a violência desenfreada e a banalização da morte. Somando-se a isso, uma grande apatia ou uma elação geralmente ocasionadas por estimulantes dos mais diversos.

Nessa mutação toda, devemos lembrar  que estão em jogo homens e mulheres, pais e mães e a relação entre eles vai determinar outras tantas consequências  para os  filhos, mas primeiramente é necessário aportarmos um pouco em cada um para depois tentarmos tratar das repercussões dessa relação com os respectivos posicionamentos. 

A emancipação feminina aponta fatos contraditórios. Por um lado a autonomia social e profissional das mulheres contribui para a ruptura dos casamentos e por outro, existe a aspiração de todas na busca do “homem ideal”. É a cultura da insatisfação nostálgica com um toque de depressão. As novas liberdades concedidas às mulheres as tornam juízas e mediadas do pai. Um discurso da responsabilidade materna ampliada a ponto de superar a do pai e veiculando uma inversão de valores.

Mas em relação aos homens o que podemos dizer?  Eles não só são vistos como provedores, mas também como poderosos, geraram uma competição fazendo as mulheres sentirem-se pobres e consequentemente sonhando em enriquecerem. Com isso, elas esquecem de dosar e ultrapassam todos os limites. Os resultados aparecem na dissociação entre casamento e vida sexual, até as novas configurações de casamentos. São firmados contratos civis de solidariedade ou para conseguir um visto permanente em país estrangeiro, ou para se ter um filho ou adotá-lo.

Para os homens, resta o temor de seu possível desaparecimento no sentido da virilidade fazendo-os terem um movimento constante de auto-afirmação por meio das traições ou da inconstância nas relações. Já para as mulheres, além da oposição entre ser mulher e ser mãe, surge uma tensão entre os sucessos profissionais e a chamada “vida afetiva”.

Ocorre então uma degradação onde sexo e amor ficam dissociados. Uma certa inibição no sentido do adiamento das escolhas e decisões, além de vermos mulheres “encarregadas” do pai. A separação entre reprodução e ato sexual, traz somente a esterilidade e a idade como obstáculos àquelas que pensam poder desempenhar as duas funções.

Como questão principal dessas reflexões deixo: 

Um sujeito só se mantém na existência com a condição de estar insatisfeito. Como pensarmos isso a partir de todos os oferecimentos do sistema capitalista? Por que temos tantas pessoas a sofrerem de inibição tendo os apelos do consumismo para a satisfação plena do gozo?


Essa será mais uma questão em aberto que tentarei elucidar mais tarde!

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